quinta-feira, 1 de novembro de 2012

A Consciência Negra e Brasileira



“Quando todas as pessoas pensam igual, é sinal de que ninguém está pensando.”
Walter Lippmann
  
O atributo pelo qual o homem pode conhecer e julgar sua própria realidade;
faculdade de estabelecer julgamentos morais dos atos realizados;
conhecimento imediato de sua própria atividade psíquica;
cuidado com que se executa um trabalho, se cumpre um dever;
senso de responsabilidade;
conhecimento noção.
(Dicionário Aurélio, 1993: p.140).

O mês de novembro há alguns anos representa um marco na luta, do povo negro do Brasil, em busca de igualdade e contra a discriminação, preconceito e ódio racial. Mas é preciso entender alguns aspectos relacionados ao nome dado para este período que é Mês da Consciência Negra. O povo negro que foi sequestrado do continente africano e trazido como escravo para o Brasil possui plena consciência sobre sua situação histórica desde o inicio. Não houve sequer um momento na história dos negros onde a certeza sobre a posição imposta a nós pudesse ser esquecida ou amenizada. O que as pessoas de outras raças bem como alguns negros não entendem é que este momento do ano deve servir, antes de mais nada, para que haja reflexão sobre como a relação entre negros e brancos no passado está diretamente ligada à situação humilhante do negro nos dias atuais e como isso nos transformou em um dos povos mais racistas do planeta. Digo “mais racista do planeta” por entender que o tal racismo mascarado que dizemos existir no país é uma farsa. O racismo por aqui é escancarado sim e é propagado através de programas de TV, propagandas de produtos e principalmente através do humor. Humor este que deixa clara a intenção de incitar o ódio racial, intolerância religiosa, homofobia e machismo. As ideias preconceituosas inseridas nos meios de comunicação, mídias sociais e em algumas áreas ligadas à cultura são prontamente assimiladas por parte da sociedade e posteriormente disseminada no ambiente de trabalho ou familiar.

A falta de consciência cria uma sociedade ignorante e inapta para, sequer, discutir temas relacionados ao combate de ações enraizadas em nossa cultura. Um povo que não conhece sua própria história acredita em qualquer coisa e transforma essa falsa realidade em argumento para justificar atitudes amorais. Atitudes estas que podem ser visualizadas no recente modelo de humor nacional, onde pseudo-humoristas, explicitam suas perspectivas a respeito da suposta sociedade ideal. O amoral simplesmente desconhece os padrões e costumes de sua sociedade logo se torna completamente incapaz de julgar ou analisar sua própria sociedade. No entanto algumas pessoas, desprovidas de consciência, ainda tentar através de opiniões, desprovidas de toda e qualquer coerência, dizer que os negros são racistas, que o homem veio do macaco e por isso somos todos iguais e o pior, dizer que o racismo não existe e que negros que afirmam serem vitimas de racismo sofrem transtornos psicológicos muito graves. É importante salientar que a ignorância cega as pessoas. O conhecimento é dado somente àqueles que desejam abandonar a ignorância, apesar de ser gratuito.

O racismo hoje se disfarça de ficção, humor e de outras formas. Oscar Wilde disse que:

“O homem é menos ele mesmo quando fala em sua própria pessoa. Dê a ele uma máscara e ele lhe dirá a verdade.”

Humoristas em geral, quando questionados sobre atitudes preconceituosas, respondem quase que em coro que o humor permite que eles ajam de tal forma e que as opiniões não representam em momento algum o real sentimento deles. Entendo então que humoristas são como os antigos palhaços que usavam máscaras.

Falo muito sobre os humorista pois creio que a posição atual da comédia no Brasil é preocupante, uma vez que a maioria da sociedade não tem consciência do que assistem ou ouvem. É preciso, no mínimo, ter senso crítico com relação às questões que vez ou outra são impostas à sociedade. Renove seu pensamento. Critique. Não aceite nada de graça. Pense nisso.

“O descontentamento é o primeiro passo na evolução de um homem ou de uma nação.”
Oscar Wilde